O crescimento do número de infecções sexualmente transmissíveis (IST) entre jovens no Brasil já foi notícia na seção Em Destaque em 2018. Voltar a falar do tema poderia até parecer exagero, não fossem os números que comprovam que a situação ainda não mudou, o que preocupa e sinaliza uma necessidade de adaptação na forma de se comunicar com a juventude.
De acordo com o Boletim Epidemiológico Sífilis, da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, publicado em outubro de 2019, “em 2018, a maior parte das notificações de sífilis adquirida ocorreu em indivíduos entre 20 e 29 anos (35,1%)”, o que corresponde a 163,3 casos por 100.000 habitantes.
A sífilis é causada por bactéria que pode ser transmitida por relação sexual sem camisinha com uma pessoa infectada ou pela mãe para o bebê durante a gravidez ou no momento do parto. A doença tem vários estágios e os sintomas vão de lesões na área genital e na pele, até danos neurológicos. No caso das grávidas, má-formação do bebê, cegueira ou até morte ao nascer são graves complicações. Tanto o teste, especialmente importante na gestação, quanto o tratamento da doença estão disponíveis no SUS.
No caso do HIV, vírus causador da AIDS, o cenário não é diferente. No período de 2007 a junho de 2018, a maioria dos casos de infecção estava na faixa de 20 a 34 anos. É o que mostra o Boletim Epidemiológico HIV/AIDS da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde. O levantamento revela ainda que “desde 2000, a faixa etária entre 20 e 24 anos é a que apresenta o maior número de casos de gestantes infectadas com HIV (28,3%)”. Já em relação ao coeficiente de mortalidade, a tendência verificada em 2017 foi de aumento entre os jovens de 15 a 19 anos, especialmente entre as mulheres.
Embora os dados sejam de apenas duas das muitas infecções (por vírus, bactérias ou outros microrganismos) transmitidas, principalmente, por meio do contato sexual (oral, vaginal, anal) sem o uso de camisinha com uma pessoa infectada, eles revelam o crescimento de uma juventude ainda exposta e desprotegida.
O que é possível fazer?
Para o Instituto Criança é Vida o caminho passa pela educação. Por isso, desde 2007, milhares de crianças e adolescentes, de 7 a 15 anos, já foram beneficiados pelo Projeto Educação Sexual.
“Fechamos o ano de 2019 com depoimentos maravilhosos sobre os resultados de nosso trabalho com crianças e adolescentes. Há casos de bullying revertido, de abusos sexual em família descortinados, de adolescentes com IST sendo tratados e até de prisão de abusadores. Enfim, depoimentos que significam quebras de paradigma e mostram que estamos no caminho certo”.
Regina Schwandner, Diretora Superintendente do Instituto.
A mais recente campanha de prevenção às infecções sexualmente transmissíveis do Ministério da Saúde é direcionada exatamente ao público jovem. O vídeo traz cenas em que pessoas com expressão de horror veem imagens relacionadas às doenças em seus celulares.
Incentivar o uso dos meios de comunicação para informar o público jovem é também o objetivo do edital lançado pelo Ministério da Saúde em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS). Direcionado a estudantes universitários das áreas de comunicação e de saúde, de todo Brasil, o edital quer reunir ideias inovadoras na comunicação em saúde com o objetivo de reduzir a sífilis no país. Os estudantes devem apresentar propostas de rádio em formato de spot, podcast ou reportagem com conteúdo pautado na prevenção, tratamento e diagnóstico da sífilis. Entre o público-alvo devem estar os jovens e as gestantes. Os três melhores trabalhos serão distribuídos em rádios públicas, universitárias e comunitárias nacionais, estaduais e municipais. As inscrições vão até 31 de dezembro de 2019.
Usar as mídias sociais para levar informação ao público jovem foi a estratégia do #DesafioUNAIDS. Durante o mês de dezembro de 2017, 36 criadores de conteúdo, os youtubers, foram desafiados pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) a gravarem e distribuírem voluntariamente em suas redes sociais vídeos respondendo perguntas sobre HIV/AIDS. O resultado da mobilização foi de 1,3 milhão de visualizações em todos os vídeos produzidos.
O favorito do público foi “Minha mãe já fez a 3?”, do LubaTV. No vídeo, mãe e filho respondem às questões de um jogo que informa e esclarece, de maneira simples, dúvidas sobre a HIV/AIDS. Bem-humorada e divertida, a dupla prova que é possível falar sobre temas sérios e importantes sem perder a leveza e a descontração que a juventude também pode e deve ter. Confira e compartilhe!
Anote aí:
Boletim epidemiológico HIV/Aids 2018
http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2018/boletim-epidemiologico-hivaids-2018
Boletim Epidemiológico Sífilis 2019
http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2019/boletim-epidemiologico-sifilis-2019
Campanha para a prevenção das IST
https://youtu.be/2hpSOEnQqqw
Edital de Comunicação para Prevenção de Sífilis
https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2019/novembro/01/Edital-Chamamento-Publico—S–filis-c-considera—-es-finais-OPAS-e-DCCI-22102020—17h10min.pdf
Playlist completa #DesafioUNAIDS
https://www.youtube.com/playlist?list=PL06QJYA4SlQhICCD7NvBX2FB8vZxRwLwY
Vídeo “Minha mãe já fez a 3?”
https://youtu.be/HGHOq5ZvgzAhttp