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Ansiedade, depressão, obesidade, irritabilidade, déficit de atenção, transtorno do sono e sedentarismo estão entre os principais problemas médicos causados pelo uso precoce, excessivo e prolongado das tecnologias durante a infância. O alerta é da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e faz parte do Manual de Orientação #Menos Telas #Mais Saúde produzido pelo Grupo de Trabalho Saúde na Era Digital (2019 – 2021).

Imagem: Instituto Criança é Vida

Disponível na página da SBP, o documento traz uma série de recomendações para que pediatras, pais e educadores saibam como lidar com a criança no mundo digital. Um conjunto de orientações ratificadas e elogiadas pelo médico pediatra e membro do Conselho de Administração do Instituto Criança é Vida, Dr. Roberto Bittar. “Muitas crianças iniciam o contato com equipamentos eletrônicos já no primeiro ano de vida. É dever do pediatra conversar com a família sobre o uso de eletrônicos nas consultas de rotina desde os primeiros meses de vida, orientando-os sobre porque evitá-los e aconselhar hábitos saudáveis como leitura, passeios, e outras atividades”, afirma o médico.

Os perigos da “Solidão Digital” de crianças e adolescentes também já foram tema, em 2017, da seção Em Destaque do nosso site. Especialistas falaram sobre os riscos ao desenvolvimento infantil causados pela exposição excessiva às mídias digitais.

A boa notícia é que a prevenção pode ser simples. “Desde os 2 ou 3 meses de vida, por exemplo, os bebês podem ser estimulados ao hábito da leitura. Isso já é feito em alguns países, há mais de uma década, e mostra que as crianças têm maior vocabulário aos três anos de vida e maior interesse pela leitura na idade escolar”, conta o Dr. Bittar.

Imagem: Instituto Criança é Vida

Agora, um novo dado que vem da China serve de alerta. No país asiático, onde 70% das crianças têm acesso aos smartphones, vem crescendo os casos de miopia na infância, o que pode estar relacionado ao uso precoce e excessivo das telas, segundo especialistas chineses.

Por aqui, os problemas visuais, a miopia e a síndrome visual do computador também estão na lista de preocupações com a saúde de crianças e adolescentes presente no Manual da SBP.

Entre outubro de 2018 e março de 2019, a pesquisa TIC Kids Online Brasil ouviu 2.964 crianças e adolescentes, entre 9 e 17 anos, em todo o país, a fim de compreender os hábitos desta população em relação à internet. O estudo mostrou que o celular é o dispositivo utilizado por 93% dos entrevistados para uso da internet e 94% têm domicílio com acesso à internet. Em relação à frequência, 75% disseram utilizar a internet mais de uma vez por dia.

Então, fique de olho

Se o uso dos aparelhos eletrônicos é praticamente inevitável, alguns cuidados são necessários. Veja o quadro.

Além de limitar o tempo de exposição às telas, o Manual lembra que a presença e o olhar de mães, pais, familiares é “vital e instintivo como fonte natural dos estímulos e cuidados do apego e que não podem ser substituídos por e tecnologia”. O documento destaca ainda um direito universal e temporal de todas as crianças e adolescentes, em fase de desenvolvimento cerebral e mental: brincar ativamente. Portanto, “viver com mais saúde é do lado de cá junto com crianças e adolescentes, não é do lado de lá das telas com robôs e algoritmos!”, reforça o documento.

Imagem: Instituto Criança é Vida